Por: Bernardo Rego - estagiário
Os soteropolitanos parecem que já esqueceram a Covid-19. Em meio a um cenário de crescimento do número de casos em todo o Brasil e também na Bahia, a Tribuna flagrou uma grande quantidade de pessoas circulando nas ruas e muitas delas sem fazer o uso da máscara. Muitos faziam lanches ou transitavam com o acessório no pescoço.
A equipe de reportagem percorreu a Praça da Piedade, Relógio de São Pedro e Avenida Joana Angélica além da orla da Barra e verificou um número considerável de pessoas andando e muitas delas sem respeitar o distanciamento social. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), já são 377.445 casos confirmados da Covid-19, dentre os quais 7.415 encontram-se ativos. O número de óbitos já é 8.013, o que equivale a uma letalidade de 2,12%.
Em conversa com a infectologista Silvia Fonseca, do Sistema Hapvida, constatamos a necessidade de manutenção dos cuidados já mencionados pelas autoridades já que a pandemia ainda não terminou. Ela destacou a facilidade de contágio, estabeleceu uma relação com a gripe espanhola e pontuou a importância da vacina neste processo delicado que vivemos. “O vírus já era conhecido, mas não havia se manifestado em humanos. É preciso que nós mantenhamos os mesmos cuidados de usar máscaras, fazer a higiene das mãos com álcool ou sabão e água, além de manter o distanciamento social e evitar aglomerações”, comentou. “Como ainda não sabemos como fica o nosso sistema de imunidade, ou seja, não há uma questão conclusiva a respeito da reinfecção haja vista uma pessoa pode transmitir a doença dois ou três dias antes de ter sintomas”, acrescentou.
Em relação à vacina, a médica disse ser um instrumento importante, mas ressaltou que ainda levará um tempo para que seja aplicada em uma grande parte da população. “Nunca na história viu-se um cenário desse de produção de vacina em tão pouco tempo, mas o acesso a um número considerável da população ainda pode levar algum tempo porque envolve questões inclusive de logística. Nós já vimos a gripe espanhola que foi vencida sem a vacina há mais de 100, por isso as medidas adotadas no passado mostram-se eficazes”, concluiu.
O professor da Escola Bahiana de Medicina e infectologista Robson Reis pontuou que não é momento para relaxamento e que muitos países têm registrado aumento considerável no número de casos. "A gente não pode afirmar categoricamente que há uma segunda onda no Brasil, mas certamente podemos tomar providências para que ela não ocorra. Diversos países têm registrado aumento no número do pessoas infectadas, desta forma é importante mantermos os cuidados. Muitas pessoas não tiveram preocupação durante as eleições e fizeram bastante aglomeração. Como a doença pode se manifestar em até 14 dias fica a falsa sensação de que está tudo bem. Há uma falsa ideia de que não existe mais a Covid" salientou.
"Uma outra preocupação são as festas de final de ano que geralmente fazem com que muitas famílias se reúnam e acabe disseminando o vírus. É preciso destacar também que a vacina não vai estar apta para ser aplicada em um prazo curto. O mais provável é que esse processo se inicie no final o primeiro trimestre de 2021", acrescentou.