Por: Yuri Abreu
Para muitos trabalhadores, a próxima segunda-feira, dia de 30 novembro, é cercada de muita expectativa, já que esta é a data limite para o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário – a segunda deve ser quitada pelas empresas até o dia 20 de dezembro. Também conhecido como gratificação natalina, a remuneração extra foi instituída nos anos 1960, durante o governo João Goulart, sendo considerado para muitos um desafogo nas contas ou uma oportunidade de realizar aquele desejo que ficou “parado” ao longo do ano.
De acordo com um levantamento recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o décimo terceiro salário deve injetar cerca de R$ 8,8 bilhões na economia baiana até o final de 2020 e cerca de 4,3 milhões de pessoas devem receber o valor extra, podendo ser de forma única ou parcelada. Além disso, o montante médio a ser recebido no estado, entre os contemplados, é de R$ 1.855,37.
Mas, o dinheiro caiu na conta. E aí, o que deve ser feito? O que priorizar? De acordo com Matheus Moura, gerente da Serasa, o primeiro passo é colocar na “ponta do lápis” todos os seus gastos e ganhos. “Hoje em dia, existem aplicativos que podem lhe ajudar com isso, mas, se você quiser, pode fazer no caderninho mesmo, o que importa é acompanhar a sua vida financeira”, orienta.
Para quem está com o nome sujo, o abono pode servir para ajudar a renegociar as dívidas e ficar mais tranquilo. Quanto às compras parceladas, Moura alerta que estas, os crediários e os pequenos boletos também precisam ficar sob controle. “Para não ficar no vermelho, esses pagamentos juntos não podem passar de um terço do que você ganha. Por exemplo, se você ganha mensalmente R$ 2.100, todas as suas parcelas somadas não podem ser maiores do que R$ 700. Isso porque você ainda terá as contas fixas”, disse ele, ao referir-se a débitos como aluguel, alimentação, água, luz, gás e telefone.
Outra dica é observar os gastos os quais são passíveis de corte. De acordo com o gerente da Serasa, quando o planejamento é feito, a pessoa consegue ver que alguns gastos podem ser menores e que apertar o cinto por alguns meses ajuda a colocar as contas em dia e ficar com o nome limpo. “São pequenas mudanças que, juntas, fazem toda a diferença, como apagar a luz do quarto quando sair, colocar o chuveiro na posição verão no período de calor e juntar as roupas para usar a máquina de lavar na capacidade máxima”, acrescenta.
Por último, ele alerta que o décimo terceiro é pago em um período em que já esperados os tradicionais débitos de início de ano, como material escolar, IPTU e IPVA. Desta forma, você precisa ficar atento. “Já estamos no final de 2020 e, em breve, o 13º salário começa a cair na conta, vão vir às férias de fim de ano e um ano novo. Não se esqueça de que todo início de ano traz junto às contas típicas do período: IPTU, IPVA e material escolar. Então, não gaste o 13º como se não houvesse amanhã, afinal, você precisa separar uma parte do pagamento para não começar o ano seguinte se endividando”, diz Matheus Moura.
Porém, se você faz parte do grupo que não está endividado, pode utilizar o décimo terceiro para adquirir bens e serviços importantes ou necessários. "[Mas] cuidado pra não gastar esse dinheiro com supérfluos. Lazer, festas de fim de ano são importantes, porém não devem ser motivos para endividamento, assim, evite excessos, limite-se a gastar o dinheiro que tem", afirma o economista Antônio Carvalho.
"Infelizmente, por ser uma renda certa, a maioria dos trabalhadores assumem compromissos financeiros (se endividam) e o utilizam para pagar dívidas ao invés de usar para adquirir bens e serviços úteis. Mesmo quando usado para pagar dívidas o 13° tem importância para a economia, principalmente para os setores de comércio e serviços, pois, ao pagar as dívidas anteriores, o cidadão se reabilita como consumidor e volta a comprar, ainda que seja a crédito", completa.