Por: Cleusa Duarte
A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) realizou, ontem pela manhã, de forma online, o lançamento da mais nova edição da publicação Recortes Sociais com o tema ‘A Terceira Idade Perfil dos Idosos Residentes na Bahia’. Na pesquisa apresentada, as projeções indicam ampliação da proporção de idosos de 10,3% para 34,5% da população da Bahia entre 2010 e 2060. Segundo o estudo, A população de 60 anos ou mais passará de 1,47 milhões em 2010 para 4,76 milhões, em 2060. A variação equivale a um incremento de 224,1%, em 2060.
O objetivo da pesquisa foi entender qual é o perfil socioeconômico da população de 60 anos ou mais na Bahia e, como o momento histórico faz uma reflexão sobre a situação deles diante da covid-19, que vitimou principalmente as pessoas nesse grupo de idade.
Nesta pesquisa, a SEI investigou aspectos relacionados à demografia, saúde, segurança, educação, condições de moradia, trabalho, rendimento e seguridade social. Fontes secundárias embasaram esse estudo, como os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Anual e Contínua Trimestral, do Censo Demográfico, da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, do Ministério da Saúde, do extinto Ministério do Trabalho, atual Ministério da Economia, e do Boletim Estatístico Regional da Previdência Social.
De acordo com Lucigleide Nascimento, técnica e economista da SEI, “os resultados apontam para uma mudança no padrão de vida da população idosa que merece atenção dos atores sociais e econômicos. São esperados impactos no modo de vida nas cidades e no campo, demandando mais e diferentes serviços de saúde, diferenciados inclusive por gênero (já que as idosas serão maioria), além da questão da mobilidade e a forma de pertencimento à sociedade por parte desses grupos. O desafio é se antecipar no planejamento e execução das políticas para o bem-estar da sociedade como um todo e, para tal, será preciso considerar cada vez mais estas mudanças que advém da ampliação da participação dos idosos na demografia do estado.”
As conclusões da pesquisa registram que: majoritariamente indivíduos que residem no meio urbano, mulheres, de cor/raça negra (preta e parda) ocupam a posição de responsáveis ou são assim considerados pelos demais membros da família; apesar de poucos residirem sozinhos, esse percentual tem crescido. Essa população possui baixo nível de instrução, com elevada taxa de analfabetismo. Quanto à saúde, os novos casos de Aids na população de 60 anos ou mais vêm aumentando. É elevado o número de óbitos por acidentes de transporte e agressões que atingem principalmente a população masculina. Dentre as outras causas externas de lesões acidentais, as quedas abrangem majoritariamente as mulheres. A covid-19 atingiu principalmente os idosos.
Porém melhoras importantes repercutiram sobre as condições de moradia dos idosos no período (acesso à saneamento). Todavia, sem diferença significativa entre o grupo de idosos e da população em geral. Incremento no índice dos domicílios com energia elétrica, que, juntamente com a elevação da renda, possibilitaram a posse de bens duráveis, como geladeira, televisão e máquina de lavar. O celular é tecnologia presente em 77,6% das residências com idosos
Outro fator positivo é que foi a redução no percentual de indivíduos na condição de pobreza e extrema pobreza, com os idosos apresentando percentuais inferiores ao da população em geral, nessas situações, entre 2006 e 2015. A presença de idosos na família reduz a pobreza, visto que contribuem para a renda das famílias seja com salários, aposentadorias e/ou benefícios.
Idosos continuam produtivos mesmo após a aposentadoria. Os indivíduos com 60 anos ou mais estavam majoritariamente em setores de atividade econômica como a Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca e os Serviços de acordo com a PNAD Anual que incorporava trabalho formal e informal. Porém, quanto ao emprego formal, o setor que mais empregou essa parcela da população da Bahia foi o da Administração Pública.
O lançamento ocorreu no evento Rodadas de Discussão com o tema Impactos da Pandemia sobre a População Idosa da Bahia e contou com as presenças de Lúcia Maria Mascarenhas, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Governo da Bahia (SJDHDS), Lucigleide Nascimento da SEI, Sheila Paranaguá e Tânia Menezes da Universidade Federal da Bahia (UFBA).