Por: Yuri Abreu
Para quem achava que os efeitos nefastos da pandemia de covid-19 só se restringiriam ao ano de 2020, com relação às atividades econômicas, se enganou. O impacto mundial da doença ainda trará muitas sequelas pelo menos até o primeiro trimestre de 2021. Ontem, o prefeito de Salvador, ACM Neto, anunciou que a festa mais importante da cidade, da Bahia e do Brasil, o Carnaval da capital baiana, não será realizado no seu mês tradicional: fevereiro – o período previsto era entre os dias 11 e 16.
“Tivemos diálogos com representantes de diversos segmentos que compõem a festa. Todos sabem como é importante o Carnaval para Salvador e a Prefeitura e quanto à gente trabalhou para dar uma maior dimensão a essa festa, profissionalizando e ampliando a movimentação econômica, além da geração de renda e emprego. Eu talvez tenha sido o prefeito que mais incorporou o espirito dessa festa como gestor e folião e não gostaria de ter que dar uma notícia dessas”, afirmou ACM Neto.
A suspensão dos festejos vem acompanhada de uma indefinição, uma vez que ainda não há uma certeza de quando a festa será realizada no ano que vem. De acordo com o gestor municipal, a decisão só deve ser tomada pelo sucessor dele, Bruno Reis – que assume em janeiro de 2021 –, e ainda assim desde que haja uma vacina que permita de imunizar toda a população, já que o Carnaval costuma levar às ruas da capital baiana mais de dois milhões de pessoas por dia, nos seis dias oficiais de festa, conforme a administração soteropolitana.
“O Carnaval não acontecerá em fevereiro. Está suspenso. Eu trabalhei no limite do prazo e esta é a decisão. A festa pode acontecer em outro momento? Tudo vai depender de termos uma vacina. A festa está condicionada a termos uma vacina acessível a todos. Por isso, não há data prevista, um prazo estabelecido. Caso exista uma vacina, penso que os prefeitos das maiores cidades do Brasil devem se reunir para decidir um calendário único para o Carnaval, em outro momento”, disse o prefeito.
“Agora, ninguém pode estabelecer uma data, pois não está claro quando essa vacina estará disponível e que imunize toda a população. Se, mais a frente, tivermos essas condições, que esse calendário seja discutido. Mas, neste momento, ninguém é irresponsável de marcar uma data, um prazo para a realização do Carnaval. Qualquer outra coisa é especulação, boato. Não há nenhuma decisão neste sentido enquanto não tivermos vacina”, acrescentou o gestor municipal.
Contudo, o impacto na maior festa de rua do país já poderá ser sentido antes, nas tradicionais festas populares, a exemplo do Dia de Iemanjá (2 de fevereiro) e a Lavagem do Bonfim (que sempre ocorre em meados do mês de janeiro). O primeiro dos eventos a ser afetado é Dia de Santa Bárbara (Iansã para os adeptos das religiões de matriz africana), na próxima sexta-feira, dia 4 de dezembro. Os festejos, costumeiramente, levam milhares de pessoas às ruas do Centro Histórico de Salvador. Porém, com a pandemia, isso não vai acontecer. “Não haverá festas de largo. Pode ser alguma coisa simbólica, no máximo. Todo o calendário de festas está comprometido”, afirmou o prefeito ACM Neto.