A Ford vai investir US$ 580 milhões para fabricar a nova geração da Ranger na Usina de Pacheco, na Argentina em 2023. O anúncio foi feito pelo presidente do país latino-americano, Alberto Fernández , e confirmado pela montadora em comunicado emitido em dezembro de 2020.
Em nota, a empresa norte-americana informou que irá reestruturar a unidade para a fabricação do modelo. A empresa ressaltou que continuará “compromissada com a Argentina”, investindo em fabricação de modelos e gerando empregos.
“Este projeto reafirma o compromisso de longo prazo da Ford com a Argentina, investindo na fabricação de produtos globais de alto conteúdo local destinados principalmente ao mercado de exportação, criando empregos de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento da comunidade”, afirmou.
O investimento, que só deve ser aplicado em 2023, foi anunciado antes da decisão de encerrar o funcionamento de unidades no Brasil. A medida, divulgada nessa segunda-feira (12) , deve afetar pelo menos 5 mil funcionários das fábricas de Taubaté (SP), Horizonte (CE) e Camaçari (BA). Em 2019, a Ford havia encerrado a produção de caminhões na unidade de São Bernardo do Campo (SP).
Benefícios fiscais
A decisão da Ford de encerrar a produção de modelos no Brasil, gerou protestos e criticas à montadora pela atitude. Na manhã desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a perda da montadora e afirmou que “negócio é negócio” . Em conversa com apoiadores, Bolsonaro ainda acusou a empresa de querer “subsídios” para se manter no país.
"Lamento os cinco mil empregos perdidos, mas o que a Ford quer? Faltou a Ford dizer a verdade. Querem subsídios. Vocês querem que continuem dando R$ 20 bilhões para eles, como fizeram nos últimos anos? Dinheiro de vocês, do imposto de vocês", disse.
O economista José Rita Moreira, corrobora com a fala do presidente de que a montadora custou caro para os cofres públicos. Ele lembre que há empresas com filiais na Argentina que estão se transferindo para o Brasil.
“A Ford ganhou muito dinheiro com benefícios fiscais e chegou o momento em que se fechou a torneira. Isso acontece ao mesmo tempo que a empresa não tem boa aceitação no mercado e acabou conseguindo benefícios similares na Argentina. No entanto, dá para equilibrar essa perda com as empresas que estão saindo da Argentina e vindo para o Brasil, como a Honda e a Loreal”, afirmou
No entanto, o especialista lembra da necessidade de melhorar a atratividade de multinacionais para o Brasil , desde que o país ganhe com isso, principalmente na geração de empregos.
“O governo poderia melhorar as medidas atrativas para manter as empresas no país, mas com retorno, como geração de empregos. Deve ser equilibrado. Deveria, por exemplo, beneficiar com redução de impostos por um determinado período, medidas tributárias, oferecer o pagamento de treinamento para funcionários das empresas, melhorar a malha viária na região da empresa. Incentivos justos”, completou.
Fonte: iG