Por Filipe Oliveira
Dados divulgados ontem (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a produção da indústria brasileira cresceu em 10 dos 15 locais pesquisados em novembro de 2020, na comparação com outubro, na série com ajuste sazonal. A Bahia teve a maior variação percentual e registrou uma alta de 4,9%. A média nacional foi de 1,2%. As informações são da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF Regional). Além da Bahia, as altas mais expressivas foram registradas no Rio Grande do Sul (3,8%) e Amazonas (3,4%). Já entre as cinco regiões com queda na produção, os piores resultados foram os do Pará (-5,3%) e em Mato Grosso (-4,3%).
A Bahia voltou a crescer após recuar em outubro em -0,1%, sendo a terceira influência positiva no resultado geral, além de maior taxa no absoluto. “Esse aumento em novembro na Bahia foi impulsionado pelo resultado do setor de celulose e do setor de bebidas”, afirma o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida. A maior queda de produção no estado nordestino foi registrada em abril, quando chegou a -24,8%. Apesar dos bons resultados no estado, o gerente da pesquisa PIM-PF regional, Bernardo Almeida, comenta que a Bahia sofreu uma queda de 6,1% no acumulado do ano por conta dos setores de veículos automotores e metalurgia. “Várias unidades produtivas se fecharam por conta da pandemia. Isso afetou a produção de automóveis e, secundariamente, a produção de artefatos e peças de ferro e alumínio fundidos”.
O economista Paulo Dantas acredita que o resultado na Bahia é significativo, mas que pode mudar futuramente. “Acho que agora em 2021, com o efeito da saída Ford, o setor industrial no estado não tende a repetir um desempenho igual ao que tivemos [em novembro]. Agora estamos na expectativa de enfrentar uma nova realidade com a retirada deste parque industrial. A gente sabe que a Ford tinha uma contribuição muito significativa no setor industrial baiano. Por sorte, ainda temos o setor de celulose forte que contribui positivamente, principalmente, para exportações.
Já a produção industrial gaúcha, segunda influência positiva e também segundo maior resultado no absoluto, registra a sétima alta consecutiva, com acumulado de 67% entre maio e novembro. De acordo com Bernardo, o Rio Grande do Sul contou com boa participação do setor de couro, artigos de viagens e calçados. Já o Amazonas, com a alta em novembro influenciada pelo setor de bebidas, eliminou a queda de 0,7% registrada em outubro.
São Paulo, que exerce a maior influência no resultado da indústria nacional, cresceu 1,5% em novembro, após o recuo de 0,5% em outubro e cinco meses de crescimento entre maio e setembro, quando acumulou alta de 47%. “Como nos últimos meses, as influências positivas na indústria paulista foram do setor de veículos e do setor de máquinas e equipamentos”, diz Bernardo. Região Nordeste (2,9%), Santa Catarina (2,8%), Ceará (1,7%), Rio de Janeiro (1,6%) também mostraram avanços mais intensos do que a média nacional (1,2%). Paraná (1,2%) e Minas Gerais (0,6%) completam os locais com alta
Entre as quedas, Pará (-5,3%) e Mato Grosso (-4,3%) apontaram as maiores negativas de novembro. O estado do Norte teve a maior queda em termos absolutos e foi a principal influência negativa no mês. “É a terceira taxa negativa consecutiva da indústria paraense, com perda acumulada de 10,4%”, registra Bernardo, citando como influências negativas para o estado o setor extrativo, que concentra cerca de 88% de toda produção industrial do Pará, e o setor de alimentos.
Já o Mato Grosso voltou a recuar após crescer 0,8% em outubro. O principal componente da queda foram os resultados negativos dos setores de alimentos, muito influente na indústria local, e de derivados do petróleo e biocombustíveis. Os outros três locais que apresentaram queda em novembro foram Pernambuco (-1,0%), Espírito Santo (-0,9%) e Goiás (-0,9%).