Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizam caravanas em direção a Brasília para pressionar pela eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) na presidência da Câmara. Na visão deles, o líder do Centrão é o único nome na disputa que pode levar adiante a adoção do voto impresso para as eleições presidenciais de 2022. O novo modelo de votação é bandeira de Bolsonaro, que tem colocado em xeque a lisura do sistema eleitoral brasileiro, mas sem apresentar provas.
"O dia mais importante para o Brasil", "Vamos exigir Arthur Lira presidente da Câmara" e "Voto Impresso Já" são alguns dos dizeres dos cartazes usados para divulgar as excursões para o evento previsto para o dia da eleição, em 1º de fevereiro.
O Movimento Deus Pátria Família é um dos organizadores da manifestação. "Nosso intuito é superdemocrático. É para termos mais seriedade no nosso sistema de eleição", afirmou o empresário Marlan Gustavo, um dos coordenadores. Os manifestantes acreditam que Lira poderá dar encaminhamento a uma proposta da deputada Bia Kicis (PSL-DF) sobre o tema que tramita na Casa. O parlamentar já sinalizou que, uma vez eleito, pautará a medida.
Segundo Gustavo, entre 25 e 30 caravanas, com até 56 pessoas cada uma, já estão confirmadas, com saídas agendadas de diversas cidades do País para a manifestação que dever ocorrer na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso. Ele pretende levar carros de som e cartazes sobre o voto impresso para exibir durante o ato.
"A gente entende que se um candidato não estiver aliançado com esse pensamento, ele não será pautado e se não for em 2021, em 2022 não tem validade", disse Gustavo, se referindo à regra da anualidade - qualquer mudança no sistema eleitoral só é válida se aprovada até um ano antes da votação.
Lira, candidato apoiado por Bolsonaro, defendeu, no fim do ano passado, a possibilidade de se testar o voto impresso nas eleições. O deputado disse que a medida poderia servir para acabar com "versões" que questionam a segurança da urna eletrônica.
"Eu não acredito em fraude no processo eleitoral, mas quem não tem fraude não se nega a provar que o processo é lícito", disse Lira em entrevista à rádio CBN. "Eu não devo nada a ninguém com relação ao processo eleitoral. Eu confio no processo eleitoral e, por ser um processo confiável, não vejo por que não acabar com o que tem de pior na política, que são as versões."
Bolsonaro afirmou em março do ano passado que a disputa em 2018 foi fraudada e, caso contrário, teria sido eleito ainda no primeiro turno. Na ocasião, disse que apresentaria provas, o que nunca o fez. Em declarações recentes, disse que se o Brasil não adotasse o modelo de voto impresso, o Brasil pode ter um “problema pior” que o registrado nos Estados Unidos, em que apoiadores de Donald Trump invadiram a sede do Legislativo dos Estados Unidos, o Capitólio, por não aceitarem a vitória de Joe Biden.
O presidente já disse que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição de Kicis deve ser uma das prioridades do governo no Congresso neste ano. A PEC já foi aprovada na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara e depende agora da criação de uma comissão especial, a ser constituída pelo próximo presidente da Câmara, para avançar. A adoção do modelo teria um custo de R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos ao longo de dez anos, segundo estimativas feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fonte: Estadão Conteúdo