O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que o resultado da arrecadação de 2020 mostrou que não houve "colapso" das receitas no ano passado. A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 1,479 trilhão em 2020, o pior resultado anual desde 2010, quando o resultado somou R$ 1,474 trilhão - considerando valores corrigidos pelo IPCA. O resultado representa um recuo real - descontada a inflação - de 6,91% em relação a 2019.
"Isso foi 3,75% nominal abaixo do ano anterior, o que mostra o vigor da recuperação econômica. No começo do ano as expectativas eram de que houve uma queda do PIB cima de 10% e um colapso da arrecadação, que cai mais do que a economia. A queda da arrecadação em maio de 2020 chegou a 30% nominal e prenunciava um ambiente caótico", avaliou.
O ministro enfatizou que a queda na arrecadação foi bem menor do que a prevista inicialmente pelos economistas. "Queda (nominal) de 3,75% da arrecadação, no ano de desafio para a economia, é resultado excelente. Essa queda de 3,75% da arrecadação em 2020 em termos nominais é uma queda branda, dada a gravidade do fenômeno (da pandemia)", repetiu.
O ministro voltou a citar medidas tomadas pelo governo durante a pandemia de covid-19 como a redução do imposto de importação de produtos hospitalares, a suspensão da cobrança do IPF sobre operações de crédito e o diferimento de impostos em mais de R$ 80 bilhões durante o auge da crise. "A partir do 3º trimestre, recuperamos quase tudo. As empresas se recuperaram e pagaram os impostos diferidos, o que é extraordinário. Apenas R$ 8 bilhões não retornaram. Foi uma folga para empresas respirarem diante da asfixia que os impostos colocam sobre a economia", completou.
Guedes destacou ainda o aumento nominal da arrecadação entre as pequenas e médias empresas que pagam o Simples. "Ou seja, arrecadamos mais em 2020 que em 2019. Foi o vigor da recuperação a partir do terceiro e quarto trimestre que possibilitou o aumente brutal da arrecadação nesse grupo", acrescentou.
Paulo Guedes defendeu a vacinação em massa da população brasileira contra a covid-19, o que, segundo ele, irá garantir o retorno seguro ao trabalho.
"Um recado que eu deixaria é: primeiro a vacinação em massa. Estamos no país do Oswaldo Cruz. Parabéns à Fiocruz, parabéns ao Butantan, parabéns à Anvisa, às Forças Armadas que ajudam na logística da distribuição. E parabéns com louvor aos profissionais de saúde que estão à frente nessa guerra contra a pandemia", afirmou. "A vacinação em massa é decisiva e um fator crítico de sucesso para o bom desempenho da economia logo à frente", completou.
O ministro lembrou que entre 10% e 15% da população brasileira são idosos mais vulneráveis à covid-19. "O Brasil está tentando comprar realmente todas as vacinas. A crítica de que teríamos ficado com uma vacina só simplesmente não cabe. Estamos tentando adquirir todas, sou testemunha do esforço logístico que está sendo feito", acrescentou.
Guedes ainda elevou o tom contra os críticos do governo, sem citar nominalmente o governo de São Paulo, João Dória - principal adversário político do presidente Jair Bolsonaro. "Tem muita gente subindo em cadáveres para fazer política e isso não é bom. A população e os eleitores vão saber diferenciar isso lá na frente. Digo isso para quem estiver assumindo. Estamos em uma situação extraordinariamente difícil e sempre houve essa perspectiva de que a saúde e a economia andam juntas", completou