Por Camila Moreira
O Fundo Monetário Internacional melhorou seu cenário para o crescimento econômico do Brasil tanto este ano quanto no próximo, calculando ao mesmo tempo uma contração menor em 2020.
Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada nesta terça-feira, o FMI passou a ver uma contração de 4,5% do Produto Interno Brasileiro em 2020, depois de ter calculado queda de 5,8% em outubro em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19 em todo o mundo.
Para este ano, o FMI agora espera que a maior economia da América Latina registre crescimento de 3,6%, 0,8 ponto percentual a mais do que no relatório anterior.
A recuperação segue em 2022 com expansão de 2,6%, em dado revisado para cima em 0,3 ponto percentual.
O cenário do FMI para o grupo de mercados emergentes e em desenvolvimento é de retração de 2,4% em 2020, com crescimento de 6,3% e 5,0% respectivamente neste ano e no próximo.
“Economias de mercados emergentes e em desenvolvimento também irão trilhar trajetórias de recuperação divergentes. Uma diferenciação considerável é esperada entre China —onde medidas de contenção eficazes, resposta forte de investimento público e suporte de liquidez do banco central facilitaram uma recuperação forte —e outras economias”, apontou o FMI em seu relatório.
“Exportadores de petróleo e economias baseadas em turismo dentro do grupo enfrentam perspectivas particularmente difíceis considerando a lenta normalização esperada das viagens internacionais e o cenário fraco para os preços do petróleo.”
A região da América Latina e Caribe deve ter contraído 7,4% em 2020, segundo os cálculos do FMI, mas a perspectiva de recuperação em 2021 foi melhorada em 0,5 ponto percentual, a 4,1%, com crescimento estimado em 2022 de 2,9%.
Pandemia - A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse nesta terça-feira, 26, que a recuperação da economia global, massacrada pela pandemia de covid-19, será uma oportunidade para mais equilíbrio social no mundo e para que, finalmente, o capitalismo possa ser um sistema para todos. "Sabemos que a saída da pandemia precisa diminuir a desigualdade no mundo", afirmou.
Para a búlgara, os governos são as figuras mais apropriadas para conduzir essa mudança no globo e gerar oportunidades de redistribuição de renda, mas não devem agir só. "Os governos precisam fazer as coisas certas e as empresas precisam fazer as coisas certas", disse ela, enfatizando grupos de jovens e mulheres, por exemplo.
As ações são claramente mais necessárias, de acordo com Georgieva, nos países mais pobres e, para ela, bancos centrais e demais autoridades financeiras em todo o mundo têm como atuar nesse sentido, principalmente se realizarem o trabalho de forma conjunta. "Fazendo isso de forma compartilhada, então poderemos dizer que o capitalismo será para todos", afirmou.
As considerações da diretora do FMI foram feitas durante um painel "Implementando o capitalismo do stakeholder", do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Por causa da pandemia, a organização decidiu fazer o evento, que tradicionalmente reúne todos os anos a elite econômica e política do mundo em Davos, nos Alpes suíços, de forma virtual. Há previsão de que uma edição presencial do evento ocorra em maio, em Cingapura.
Fonte: Reuters