Por Yuri Abreu
Com a taxa de desemprego do país em alta, atingindo 14 milhões de pessoas, e uma pandemia de Covid-19 que ainda preocupa a muitos players do setor econômico, uma alternativa para muita gente tem sido buscar a abertura do próprio negócio como forma de garantir recursos próprios e, de alguma forma, contribuir para a geração de postos de trabalho, mesmo que em número menor em comparação às grandes empresas que tem reduzido seus quadros.
O início de novas operações, aqui na Bahia, já vinha sendo observado desde junho do ano passado, segundo dados da Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb). No comparativo entre aquele mês e julho, houve um acréscimo de quase 26% na abertura de novas empresas no estado. Muito disso influenciado pelo setor de comércio, que apresentou uma elevação de 35% no mesmo período. Aliás, o segmento foi responsável por 42% do total de aberturas de empreendimentos no estado, em 2020. A expectativa é a de que os primeiros dados de 2021 sejam divulgados em fevereiro.
Em setembro, foi quando os números atingiram o “pico”, chegando a quase 3 mil CNPJs criados em toda a Bahia. De outubro a dezembro, houve uma queda de -8,46%, mas com o ano fechando, no geral, com a abertura de 27.030 empresas. Para quem chegou a, no mês de abril, a criar apenas 1.074 estabelecimentos, o resultado pode ser considerado um respiro, demonstrando que esta pode ser uma aposta para o ano de 2021. Além disso, os números de 2020 ficaram muito próximos aos de 2019, quando foram abertas 28.724 empresas: uma queda de -5,89%.
Quando é colocada na mesa essa divisão por região administrativa, a região Metropolitana de Salvador, em 2020, foi a que teve melhor desempenho: 9.293 (34,38% do total), seguida de Feira de Santana, com 2.987 empresas criadas (11,05%). Em terceiro lugar, vem a cidade de Barreiras, no Oeste da Bahia, com 1.304 novos registros. Fechando o ranking dos cinco primeiros, ainda há Vitória da Conquista, no Sudoeste, (1.239) e Eunápolis, no sul do estado (1.117).
MEI e MPE
Os bons índices também podem ser constatados quando o foco é dirigido exclusivamente para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e os Microempreendedores Individuais (MEIs). Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), houve um aumento de 12,4% na abertura de estabelecimentos dos dois gêneros na Bahia, no período entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020.
Só no último mês do ano passado, foram 603.056 MEIs abertas na Bahia (68%) do todo e 282.882 novos MPEs (32%). Conforme os dados do órgão, chama também a atenção o importante crescimento de novos estabelecimentos por microempreendedores individuais. Se em dezembro de 2019, aqui no estado, esse índice era de 551.143, no mesmo mês do ano passado, o registro foi de 603.056: uma elevação de quase 20%.
“Considerando uma situação de lentidão para a saída da pandemia e incertezas de vacinas e mesmo com um pós-vacina que ainda requisitará medidas de restrições, avalio que manterá taxas médias mensais similares às de 2020”, afirmou Isabel Ribeiro, Gerente Adjunto da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Bahia, ao trazer uma expectativa de como deve ser o cenário no estado neste ano de 2021.
Porém, segundo a especialista, quem pretende abrir o próprio negócio, precisa ficar atento a alguns cuidados, principalmente em virtude da pandemia. “Os investidores precisam ficar atentos à baixa confiança na economia e às discussões no Ministério da Economia quanto ao teto dos gastos, pois há um cenário de restrições de demanda, na iniciativa privada e setor público. Então, é necessário avaliar com extrema cautela ao desembolsar recursos para abertura de um negócio cuja elasticidade da demanda está muito comprometida”, orienta.