Seis partidos já apresentaram ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados um ofício no qual pediram a cassação do mandato do deputado Daniel Silveira (PSL-Rio) por quebra de decoro parlamentar. O documento é assinado por PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e Rede.
Na representação enviada ao Conselho de Ética, os partidos demandam que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), faça a "convocação imediata" do conselho.
As legendas afirmam que Silveira "extrapola de sua imunidade, rompe criminosamente os deveres de que seu mandato impõe e ofende, também de maneira criminosa, o Supremo Tribunal Federal, os ministros do Supremo e a própria democracia brasileira, estimulando a violência e fazendo apologia ao golpe militar.
Prisão - Dois dias depois de o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) ser preso, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), no Palácio da Alvorada na manhã de ontem. No encontro, Lira afirmou ao chefe do Executivo que a tendência é a Casa manter a prisão do parlamentar.
Segundo o Estadão/Broadcast Político apurou, Lira admitiu ao presidente preocupação de que a polêmica envolvendo Silveira atrase a análise de temas econômicos em discussão na Casa. Ele também telefonou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar do assunto.
Como revelou ontem o Estadão, a conversa ocorreu após integrantes da equipe econômica mandarem recados para o presidente da Câmara preocupados que essa discussão possa prejudicar a votação de medidas importantes para o País, como a retomada da discussão do auxílio emergencial e as reformas. O argumento de que a Câmara não pode perder tempo com uma agenda envolvendo um deputado extremista, em detrimento de toda uma pauta necessária para a retomada da economia, convenceu parlamentares a votar pela prisão e encerrar o assunto o quanto antes.
Silveira foi preso na noite de terça-feira, 16, após publicar vídeo contendo apologia ao Ato Institucional 5 (AI-5), o mais violento ato da ditadura militar, e discurso de ódio contra os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem de prisão foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, mas confirmada ontem por unanimidade pelo plenário da Corte.
Como revelou o Estadão, ainda na terça-feira, enquanto o vídeo de 19 minutos do parlamentar alcançava grande audiência nas redes sociais e repercutia entre integrantes do Poder Judiciário, Lira telefonou para o presidente Jair Bolsonaro, de quem Silveira é aliado. Buscava uma avaliação do chefe do Planalto sobre o conteúdo publicado. Um parlamentar que acompanhou o diálogo contou ao Estadão que Bolsonaro, um ávido usuário das redes sociais, se limitou a responder que não sabia de gravação alguma e encerrou a conversa.
Bolsonaro tem evitado manifestações públicas em defesa do aliado. Ao deixar o Alvorada após a reunião com Lira, não tocou no assunto ao falar com apoiadores. Limitou-se a posar para fotografias por cerca de cinco minutos.
Fonte: iG e Estadão Conteúdo