Os membros do Conselho de Administração da Petrobras já estão montando uma estratégia para reforçar a blindagem da companhia de uma possível interferência do governo de Jair Bolsonaro, destacou uma fonte do mercado a par das conversas. A estratégia ocorre após o presidente ter declarado que "algo vai acontecer" na estatal, em resposta ao reajuste promovido na gasolina e no diesel na manhã de quinta-feira.
Nesta sexta-feira, o presidente Bolsonaro voltou a anunciar 'mudança' na Petrobras, mas disse que não vai interferir na empresa. As ações da empresa caem mais de 7%, com temor de investidores de que haja ingerência política sobre a estatal.
Segundo essa fonte, que não quis se identificar, a ideia é que seja tomada alguma decisão já na terça-feira, quando os onze membros do Conselho vão se reunir de forma virtual a partir das 8h30. Os conselheiros querem aprovar uma nova "recomendação" em relação à periodicidade dos reajustes dos combustíveis. O plano é definir que a Petrobras ajuste seus preços à paridade internacional em períodos curtos, inferiores a três meses.
O tema vai entrar na pauta da reunião porque os conselheiros foram surpreendidos após a empresa, no dia 5 deste mês, informar que iria "estender de trimestral para anual o período limite de apuração da aplicação da política de preços de combustíveis".
A nota da Petrobras foi divulgada no mesmo dia em que o presidente Bolsonaro fez sua primeira investida, este ano, contra os preços de combustíveis, na ocasião reclamando dos impostos estaduais.
O prazo de um ano para definir a paridade de preços, anunciado pela Petrobras, pegou de surpresa não só o mercado financeiro como também os membros do Conselho de Administração.
Durante as discussões entre os conselheiros, destacou essa fonte do setor, descobriu-se que o estatuto da Petrobras permite que a diretoria da estatal tome esse tipo de decisão em relação aos preços sem que o tema passe pelo Conselho.
A análise dessa fonte é que o período de doze meses "pode dar margem a uma suposta intervenção governamental". Essa fonte destacou, porém, que a Petrobras usou a defasagem do dia de ontem para aplicar o reajuste na gasolina e no diesel, quando o preço do barril se manteve acima de US$ 60.
Fonte: O Globo