O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, elogiou o fato de o Ceará se tornar um novo palco para a implantação de um importante Hub de produção e exportação de Hidrogênio Verde. Na semana passada, uma solenidade marcou a assinatura de um memorando de entendimento com a empresa australiana, Energyx Energy, para a construção de uma usina de combustível no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A empresa estrangeira deverá aportar US$ 5,4 bilhões no projeto, ao longo dos próximos anos. Da parte do governo e de representantes da indústria cearense, um decreto estadual criando um Grupo de Trabalho para conduzir a implantação do hub no estado. Deste, farão parte também a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), cujo presidente é Ricardo Cavalcante, que também está à frente da Associação Nordeste Forte, entidade a qual Ricardo Alban faz parte.
“Consideramos que este é um avanço positivo, que terá impacto para toda a região. O Nordeste precisa diversificar seu parque industrial e caminhar no sentido de atrair iniciativas inovadoras e que estão em sintonia com as tendências internacionais. A Fieb já está em alinhamento com o Senai Ceará para que o Senai Cimatec colabore e participe do projeto de Hidrogênio Verde, criando assim oportunidades para sua replicagem”, disse Alban, em entrevista à TB, ontem.
De acordo com os envolvidos no projeto, a ideia é buscar reduzir a emissão de poluentes com novos investimentos e ampliar as oportunidades de negócios e geração de empregos no Ceará, para assim impulsionar a economia do Estado. O hidrogênio verde (H2V) é produzido através de fontes renováveis e é atualmente considerado o pilar da transformação energética mundial por poder ser obtido através da eletrólise da água, uma fonte livre de carbono.
“Desde 2013 discutimos o Hidrogênio Verde. Toda a base industrial de alguns países já está sendo mudada não só para a produção de energia, mas também para transportes de caminhão, trem, navio e também de avião, já utilizando o Hidrogênio Verde para isso. O Ceará, com toda essa capacidade de geração, poderá sim se tornar um grande produtor mundial de Hidrogênio Verde. Parabenizo o Governo do Estado e a todos os envolvidos”, afirmou Ricardo Cavalcante, durante a solenidade, no último dia 19.
O Hidrogênio Verde é o hidrogênio obtido a partir de fontes renováveis, como a energia solar e a energia solar, sem a emissão de carbono. É produzida através de eletrólise, sendo prática sustentável e já adotada em vários países do mundo. Esta tecnologia está baseada na geração de Hidrogênio — um combustível universal — por meio de um processo químico conhecido como eletrólise.
Este método utiliza a corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água. Por esta razão, se essa eletricidade for obtida de fontes renováveis, então a energia será produzida sem a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. A nova tecnologia, que vem se tornando uma das mais importantes e debatidas no cenário internacional de energia, pode produzir energia limpa aplicada as mais diversas áreas como as industriais, hospitalares e domiciliares, além de poder ser utilizada como combustível para automóveis, contribuindo efetivamente no movimento de descarbonização mundial, entre outros.
De acordo com as projeções internacionais, em 2050, o Hidrogênio representará 18% de toda a energia consumida mundialmente, reduzindo anualmente 6 gigatoneladas (GT) de emissões de CO2 e eliminando os principais poluentes do ar como o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (Nox) e materiais particulados, reduzindo também o nível de ruído nas cidades.
AVANÇO
Conforme dados do IBGE de 2018, a Bahia é a maior economia do Nordeste e participa com 28,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. Da mesma forma, lidera, concentrando 42% do valor da Transformação Industrial (VTI) e detém o maior pool da indústria de Transformação do Nordeste em VTI. Além disso, é o principal estado exportador da região, concentrando 48,6% das exportações da região, conforme dados do Comex Stat 2020.
“Considerando estes números, podemos dizer que a Bahia, por sua natural liderança no segmento industrial no Nordeste, reúne potencial para, assim como o Ceará, avançar na construção de novas parcerias e atração de novos players, a exemplo do que já vem acontecendo com relação à implantação de uma indústria eólica e solar no nosso estado”, finalizou o presidente da Fieb.