Além de abrir a Operação Mais Valia, que prendeu quatro desembargadores do Tribunal Regional de Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) suspeitos pelo recebimento de propinas para beneficiar empresários ligados ao grupo político do governador afastado Wilson Witzel (PSC), o Ministério Público Federal decidiu denunciar o grupo por desvios na ordem de R$ 16 milhões.
Ao todo, 18 pessoas são acusadas pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa – incluindo os magistrados e o próprio Witzel. O documento foi encaminhado nesta terça-feira, 2, ao gabinete da ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Está-se diante de uma sofisticada organização criminosa, arraigada no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, composta por desembargadores do Trabalho, incluindo o atual e o ex-presidente da Corte. Os integrantes do grupo criminoso, além de se locupletarem, prejudicam os jurisdicionados que deixam de receber verbas imprescindíveis para sua sobrevivência, em razão de decisões voltadas exclusivamente para beneficiar as empresas que pagam altas quantias à orcrim”, afirma a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo na denúncia.
A frente de investigação foi aberta na esteira das apurações da Operação Tris in Idem, que afastou Witzel do governo fluminense em agosto do ano passado. De acordo com o Ministério Público Federal, os desembargadores aceitaram, por dezenas de vezes, vantagens indevidas para incluir empresas no plano especial de execução da Justiça Trabalhista.
O suposto esquema, no entanto, seria anterior ao governo Witzel. Teria começado a operar em 2017, na gestão do ex-governador Luís Fernando Pezão, e beneficiado organizações sociais, construtoras, consórcio de transporte e empresas de tecnologia.
Estadão Conteúdo