O Banco Central vendeu US$ 2 bilhões das reservas internacionais para segurar o valor do dólar em R$ 5,70. A moeda americana operou em alta ontem, com investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de zerar impostos federais sobre diesel e gás de cozinha.
A medida foi compensada com aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 20% para 25% até o fim do ano, retirada da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para pessoas com deficiência comprar carros acima de R$ 70 mil e fim de programa especial de tributação para a indústria petroquímica, o Reiq.
No leilão na hora do almoço, o BC vendeu US$ 1,095 bilhão, com taxa de corte foi de R$ 5,70 e 13 propostas aceitas. No início da manhã, já tinha vendido US$ 1 bilhão.
O estrategista Jefferson Laatus, do Grupo Laatus, afirma que a alta forte responde à fuga de capitais, com estrangeiros saindo do País, após a confirmação do aumento da CSLL dos bancos para compensar o corte de impostos do diesel e gás de cozinha.
"Bolsas de Nova York em baixa e alta dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior se somam à quebra de promessa do presidente Jair Bolsonaro de que não elevaria tributos, após anúncio de aumento da CSLL de bancos. É uma tempestade perfeita apoiando a demanda para proteção", avalia Jefferson Rugik, diretor-superintendente da corretora Correparti.
Rugik comenta que há desconfiança e os estrangeiros saem do País. "Tem fuga de capitais, sim. O fluxo financeiro é negativo e há busca de proteção no mercado futuro", observa o diretor
O sócio da Acqua Investimentos Bruno Musa atribui também ao fluxo financeiro negativo grande parte da alta do dólar no mercado local até agora. Os investidores estrangeiros saem do Brasil por insegurança, após alta da CSLL dos bancos, e podem estar rumando para a segurança e rentabilidade maior dos Treasuries longos dos EUA, cujo rendimento segue em alta, refletindo expectativas de que a inflação acelere e leve bancos centrais a elevar juros.
"Quem vai pagar o aumento da CSLL dos bancos é o tomador de crédito, porque o custo de contratação vai aumentar na ponta, dificultando ainda mais a retomada da economia", avalia.
Fonte: Estadão Conteúdo