Por Rodrigo Daniel Silva
Perto de completar dois meses como ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos) tem seguido, até o momento, a cartilha bolsonarista e adotado um discurso afinado com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Antes de integrar o governo federal, o deputado licenciado era um crítico duro da postura do chefe do Palácio do Planalto. Defendeu, em entrevista à Tribuna em 2019, que Bolsonaro fosse “mais comedido”. Também afirmou, em outra ocasião, que via o “alinhamento” do líder do país com o Centrão com “desconfiança” e como “incoerência”.
No entanto, após virar ministro, Roma passou a ser um defensor das pautas bolsonaristas. Como o presidente da República, o parlamentar licenciado criticou as medidas restritivas adotadas pelos governadores e prefeitos para atenuar a disseminação do coronavírus. Disse que o lockdown não é o “melhor caminho” no enfrentamento da doença, pois, segundo ele, pode aumentar o “empobrecimento” do Brasil. “Não basta dizer apenas ‘fique em casa’, porque não tem como atenuar o sofrimento dos seus filhos e sua família. Nós precisamos ter muita seriedade e unir todas as forças para que a gente consiga atenuar o sofrimento", declarou.
Assim como os ministros da Infraestrutura (Tarcísio Freitas) e da Agricultura (Tereza Cristina), que agradam a Bolsonaro, Roma tem adotado uma postura discreta sem muito exibicionismo político que incomoda o mandatário da República. Por ter conduta inversa a esta e contrariarem o presidente da República, Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro acabaram demitidos das pastas da Saúde e Justiça, respectivamente.
Além deste comportamento que agrada a Bolsonaro, o ministro da Cidadania tem feito questão de citar em todos os eventos, entrevistas, o chefe do Palácio do Planalto e o seu trabalho. Nas redes sociais, também tem compartilhado conteúdos do presidente, como o pronunciamento feito por Bolsonaro no dia 23 de março em cadeia nacional de TV e rádio. Em uma publicação, escreveu que: “o governo federal demonstra que está empenhado em superar esse momento de muita dificuldade e a preocupação do presidente Jair Bolsonaro é legítima: precisamos estar perto da população que mais precisa”.
Nas entrevistas, Roma tem realçado os investimentos federais. Recentemente, ressaltou que a vacina Sputnik V seria adquirida com recursos da União. Na verdade, o pagamento será feito pelo governo da Bahia, que posteriormente será reembolsado. O jeito do ministro da Cidadania já lhe rendeu elogios. “O João Roma é uma pessoa muito competente e objetiva”, disse Bolsonaro, em vídeo que circula nas mídias digitais. Prestigiado no governo, Roma participou na semana passada, pela primeira vez, da live (transmissão ao vivo de eventos e bate-papo nas redes sociais) do presidente da República. Na live, Roma voltou a criticar o isolamento social e defendeu o auxílio-emergencial.